IVONE FABRIS (IN MEMORIAM) - ACORDEONISTA
Ivone Maria de Ross Nasceu em
Getúlio Vargas-RS no dia 20 de maio de 1936, filha de mais velha dos três
filhos de Balduíno e Letícia Maria Salton Saltori de Ross. Residiram também em
Santa Rosa (RS), onde Ivone iniciou estudos de música, como aluna interna do
Colégio Santa Rosa de Lima. Lá, a sua
professora de música, Tusnelda, lhe ensinou a ler partitura e tocar acordeom,
ela vinha de Três Passos pra Santa Rosa para lecionar.
“Meu pai era gaúcho, gostava de gaita, ele quis
que eu estudasse gaita e fomos morar em Santa Rosa. Quando eu entrei aqui, em
49, eu já trouxe uma 120 baixos”.
Entrevista ao Jornal de Beltrão, ano 2016
NO TEMPO DA RÁDIO COLMEIA E DOS BAILES DE INTERIOR
Ivone e sua família chegaram a
Francisco Beltrão em 1949, ainda chamada na época de Vila Marrecas. A família
Ross estabeleceu-se na comunidade de Rio do Mato, onde seu pai Balduíno,
adquiriu um grande pinheiral, foi lá também onde Ivone conheceu seu futuro
marido, Sady Fabris com quem se casou em 12 de Janeiro de 1957, em celebração
realizada na cidade de Curitiba-Pr. O
casal teve três filhos: Sadiomar, Glademir e Devarlei.
Nos primeiros tempos de Marrecas e Francisco Beltrão, Ivone animava festas e tocava em bailes acompanhada pelo Sr. Ilso Bonamigo. Em 1957 A Rádio Colmeia de Francisco Beltrão realizou um concurso de acordeonistas, Ivone interpretou a música Saudades do Matão e classificou-se em primeiro lugar.
“Eu ganhei uma faca prateada e 200 cruzeiros,
mas era dinheiro. E gastei tudo na loja dos Irmãos Pedron.”
Entrevista ao Jornal de Beltrão, ano 2016.
Ivone Fabris no Concurso de Acordeonistas, da Rádio Colméia em 1957. Acervo Memorial de Francisco Beltrão
Em 1967,
deixou a Comunidade de Rio do Mato para morar na área urbana de Francisco
Beltrão, no Edifício Fabris, empreendimento construído naquela época pela
família, sendo uma das construções primeiras construções da cidade em alvenaria
como um dos maiores de Francisco Beltrão.
Foi aluna da
professora Isabel de Mello, com quem aprendeu a tocar órgão eletrônico na
Escola de Música Guido D’Arezzo, de 1988 a 1992.
Em 1992 Ivone
apresentou-se com a musicista pioneira de Francisco Beltrão, a professora Olga
Varella, na estreia da peça teatral O Último dia de Marrecas, de Ivo Pegoraro,
com encenação do Grupo de Teatro Afoxé.

ACERVO HISTÓRICO: UM LEGADO PARA O FUTURO
Ivone sempre
foi grande incentivadora da cultura, além da música tinha paixão por história e
doou entre 2004 e 2015 mais de 400 itens históricos, que contribuíram para o
crescimento do acervo do Museu da Colonização e do Memorial de Francisco
Beltrão.
O RECONHECIMENTO DE UMA PIONEIRA
De 2005 a 2007
frequentou a Sonata Escola de Música e aprendeu a tocar harpa, com a professora
Dotsy Santi Rebelatto, o instrumento despertou a curiosidade de Ivone, que logo
no primeiro ano de suas aulas apresentou-se na Semana da Música, evento
realizado pelo Conservatório Musical de Francisco Beltrão entre os dias 20 e 23
de setembro de 2006.
Ivone Fabris apresentando-se na Semana da
Música, evento realizado pelo Conservatório Musical de Francisco Beltrão entre
os dias 20 e 23 de setembro de 2006.
Ivone Fabris apresentando-se no VII Encontro de Corais, realizado em 26 de setembro de 2007, no Espaço da Arte. Acervo Memorial de Francisco Beltrão - Coleção Departamento de Cultura.
Em 23 de maio de 2015, Ivone Fabris recebeu Moção de Aplauso, a
iniciativa da vereadora Maria de Lourdes Pazzini. O plenário ficou lotado . A
forma de Ivone agradecer aos vereadores foi através de uma apresentação de
acordeom, companheiro de uma vida toda.
Ivone Fabris faleceu em Francisco Beltrão, no dia 10 de novembro de
2018, deixando um legado como uma
mulher pioneira, que teve coragem de aventurar-se em uma terra desconhecida,
onde constituiu família e contribuiu de maneira imensurável com o
desenvolvimento do nosso município.
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Tive a oportunidade de conhecer Ivone Fabris em 2015, quando fez uma
grande doação de objetos históricos para o Museu da Colonização e para o
Memorial de Francisco Beltrão, Dona Ivone, algumas vezes ia até o museu, nos dava
dicas de como cuidar das antigas e preciosas peças de tecido, levava um pote de
sorvete e sua gaita, presentando os visitantes com músicas do passado, fazendo
com que a atmosfera daquelas visitas se tornasse algo especial. Dona Ivone era
assim, mulher simples, com um legado de uma vida de trabalho e dedicação a
família, sempre sorridente e animando a todos ao tocar a sua “Todeschini 120
baixos”.
Pesquisa e Redação: Bruno Packard @packardbruno
Bibliografia e acervos:
- Memorial de Francisco Beltrão
- Jornal de Beltrão / Ivo Pegoraro
- Departamento Municipal de Cultura
- Conservatório Musical de Francisco Beltrão
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